O Eu que sou se constitui a partir dos nós que vive em nós

Este é um trabalho teórico que  objetivou  discutir a constituição da capacidade  de vinculação afetiva como base para o funcionamento psíquico do indivíduo. Partiu dos textos de Donald Winnicott e Minerbo, que abordam o processo de vinculação e seus desafios, visando explicitar as fases de desenvolvimento da criança no que se refere à construção de um vínculo afetivo.

O processo de desenvolvimento se realiza a partir de um vínculo com o outro, é relacional. Freud demonstrou que as experiências psíquicas das pessoas articulam corpo e linguagem. A partir desse enlace elas se constituem como sujeitos e podem conferir sentido ao vivido, criando laços afetivos.

A constituição do psiquismo do ser humano advém de seu vínculo primordial com a figura materna e de como o bebê a vivencia.

O início de tudo

•Quando o bebê nasce tudo é vivenciado como se o mundo fosse uma extensão dele. Quando sente alguma necessidade e não é atendido imediatamente, vivencia uma angústia de aniquilamento, medo de ser destruído, deixar de existir imediatamente. É essa vivência que coloca em funcionamento todo o mundo psíquico.

Noção de limite

• Se tiver vivências predominantemente positivas nessa fase, a criança sai do funcionamento arcaico, diferenciando-se da mãe ambiente; sua imagem corporal se edifica e se constitui a imago de um corpo próprio, com limites e separação entre dentro e fora;

• Como se diferenciou de sua mãe, a criança passa a experimentar seus desejos como próprios; surge o sentimento de existir e a possibilidade de se opor ao outro.  Quando essa fase oral é bem sucedida, produz na criança o sentimento de segurança, otimismo e esperança, o mundo é vivenciado como acolhedor. Porém se houver a predominância de vivências traumáticas nessa fase, isso poderá acarretar uma estruturação de personalidade com características de estrutura segundo o modo psicótico.

Identidade

•Firma-se o sentimento de existir, de ser bom e de ter valor. Ocorre a consolidação da identidade, com o desenvolvimento do sentido estável de identidade, um sentimento de existir, independentemente dos pais, o atingimento da noção das fronteiras do eu, além da consolidação da identidade de gênero. Ao final dessa etapa, a criança desenvolveu a estabilização do narcisismo primário; o mundo passa a ser sentido como acolhedor e vivo;

SABER ESPERAR O TEMPO, SEU, DO OUTRO

Fase oral bem sucedida

•A fase oral bem-sucedida produz na criança o sentimento de segurança, otimismo e esperança, o mundo é vivenciado como acolhedor.

•A criança sai do funcionamento arcaico, diferenciando-se da mãe ambiente; sua imagem corporal se edifica e se constitui a imago de um corpo próprio, com limites e separação entre dentro e fora; o seio bom começa a ser internalizado; a criança passa a experimentar seus desejos como próprios; surge o sentimento de existir e a possibilidade de se opor ao outro.

Fase anal

Na fase anal a angústia é de ser despossuído de conteúdos preciososo prazer está ligado à expulsão ou retenção das fezes, aliada à possibilidade de submissão ou oposição ao objeto e ao exercício do sadismo e do controle.

Quando supera essa fase, a criança deve ter descoberto que não é sou autossuficiente, depende do outro para sobreviver. : a construção do símbolo para a ausência ocorre; estabilização do narcisismo primário; sentimento de ter valor, e do mundo ser sentido como acolhedor e vivo;  sentimento de existir, independentemente dos pais; criança desenvolve a capacidade de estar só.

Concernimento e relação com o objeto

•O Estágio do Concernimento, é quando a criança começa a entender que há coisas ruins dentro dela (decorrentes de seu amor excitado/instintual), e que essas coisas ruins estragam as coisas boas. É aí que ela começa a perceber que deverá administrar seu mundo interno. É a partir dessa capacidade de concernimento que torna possível a criança estabelecer uma relação com o objeto (Winnicott,1945).

•Para que isso ocorra, a criança já deve ter alcançado algumas conquistas, noções psíquicas como:  a noção de mim; a noção de tempo; a noção da diferença entre fantasia e realidade; a capacidade de lidar com a perda; a integração psique-soma, viver dentro de um corpo e a noção de dentro e fora.

• Essas noções fortalecem o Ego para que a criança possa avaliar o que ela sente, o que ela causa no outro e como o outro a afeta.

Fase da Triangulação edipiana

Na sequência, a criança começa a se interessar pela diferença anatômica dos sexos, e entra na fase fálica, onde a angústia predominante é a de castração.

Fase da Triangulação edipiana

A travessia do Édipo se constitui um ponto crucial no desenvolvimento, pois é nesse período que a criança tem como desafios: consolidação do narcisismo, graças às identificações secundários, que inclui a identidade sexual; transformar o superego, que deixa de ser mortífero, pois integra os interditos e a lei, porém referidos a cultura e não a imagos arcaicas; transformar o Ego Ideal em Ideal de Ego.

TRAVESSIA DO ÉDIPO

•-A criança fálica cai na real e descobre que nem tudo é possível, nem agora nem nunca. É a angústia da castração: a conquista de não poder realizar o ideal da completude, do tudo. A entrada na aceitação de nossa condição humana de castrados.

• A criança aprende a abrir mão agora de seu objeto de desejo com a promessa de ter depois. – Não imediatamente – as coisas levam tempo e não acontecem por mágica. É preciso esperar e trabalhar para conseguir realizar os desejos e objetivos no real.

• Não sozinho, aprender que todo mundo precisa de ajuda dos outros para conseguir o que quer.


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